A Prefeitura do Rio anunciou, neste domingo, (16/02), no Centro de Operações e Resiliência (COR-Rio), as medidas de orientação da população para os próximos dias, nos quais há previsão de temperaturas elevadas. Segundo o Sistema Alerta Rio, segunda-feira (17/02) e terça-feira (18/02) podem ser os dias mais quentes desta semana: devem bater o recorde do mês de fevereiro, que é 41,8°C (temperatura registrada em fevereiro de 2023 na estação de Irajá).
Entre as medidas anunciadas pelo Prefeito Eduardo Paes, caso a cidade atinja o Calor 4, estão a abertura de 58 pontos de resfriamento, parada para hidratação de funcionários que trabalham expostos ao sol e preparação da rede de saúde municipal para o aumento de atendimentos de casos decorrentes das altas temperaturas. A Prefeitura também recomenda o aumento da ingestão de água, uso de roupas leves e não exposição direta ao sol nos horários de pico de calor.
– A ciência hoje nos permite ter um grau maior de previsibilidade e entender os efeitos nocivos desse excesso de calor na saúde das pessoas. Além dos riscos que isso pode ocasionar, podendo levar até a morte. A gente quer que saia todo mundo de casa feliz, curtindo a nossa cidade. Não é à toa que o Rio é a cidade dos espaços públicos, das praias. Isso nos orgulha, faz parte da nossa cidade, e não vai mudar, mas há uma situação de mais calor. Então, temos uma previsão de muito calor, muito sol, e, por consequência, os riscos aumentam.
Também participaram o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere, o chefe-executivo do COR-Rio, Marcus Belchior, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a secretária municipal de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula, e a meteorologista chefe do Sistema Alerta Rio, Raquel Franco.
Protocolo de calor
Desde junho, o COR-Rio monitora os níveis de calor. A classificação tem cinco níveis de risco – de Calor 1 a Calor 5 -, que variam em função da temperatura e da umidade relativa do ar registradas na cidade.
O nível de calor também considera modelos numéricos de previsão de temperatura estimados para três dias e atualizados a cada quatro horas. Nos três primeiros níveis, a prefeitura realiza ações de comunicação com a população. Confira aqui o protocolo completo com as ações a serem realizadas a cada nível: (https://cor.rio/niveis-de-calor/).
O protocolo também estabelece regras para a realização de eventos na cidade a partir do Calor 5.
Segundo Marcus Belchior, produtores de eventos já estão se adaptando desde a criação do protocolo.
– O produtor quando vai aprovar um evento, ele toma ciência do protocolo de calor e isso faz com que ele faça ações de adaptação climática como distribuição de água e filtro solar, aspersores… Tudo isso já está sendo feito e a gente percebe uma mudança de comportamento.
Dos 45 primeiros dias de 2025, o Rio esteve 27 deles fora do Calor 1, de acordo com dados do Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE).
Segundo o Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S), janeiro de 2025 foi o janeiro mais quente já registrado, com temperatura média mundial de 13,23°C, superando em 0,79°C a média do período 1991-2020 e em 1,75°C os níveis pré-industriais.
O Alerta Rio aponta que este mês de fevereiro deve ser um dos mais secos já registrados. A média de chuva registrada até o momento é de 0,5mm.
Durante a apresentação, a Secretaria Municipal de Saúde detalhou as medidas a serem adotadas, conforme o Protocolo de Calor. Entre as ações, estão a preparação da rede de saúde para o aumento de casos, como assistência e prevenção, comunicação, vigilância em saúde e vigilância sanitária.
É fundamental que a população se mantenha atualizada sobre as condições meteorológicas e siga as orientações para evitar danos à saúde causados pelas altas temperaturas.
Os sintomas decorrentes do calor extremo são: aumento da taxa de respiração, piora na alergia e da asma, agravamento de doença pulmonar obstrutiva crônica, lesões hepáticas, câimbras, espasmos musculares, fraqueza, dores de cabeça, tonteira, irritabilidade, perda de coordenação, confusão mental, delírio, ansiedade, perda de consciência, convulsões, derrames, arritmia, aceleração dos batimentos redução do fluxo sanguíneo para o coração, ataque cardíaco. Além disso, doença e falência renal.
De acordo com o secretário Daniel Soranz, o mês de janeiro registrou um aumento de atendimentos de pacientes com problemas relacionados ao calor.
– A Secretaria de Saúde já verifica um aumento de pessoas procurando as emergências com problemas relacionados ao calor, principalmente desidratação e descompensações de doenças crônicas. Só no mês de janeiro a gente estima que cerca de 3 mil pessoas foram atendidas por problemas ligados ao calor. E temos uma preocupação muito grande com idosos e crianças porque eles têm menos sensação de sede e é importante as mães estarem atentas à desidratação das crianças.
A SMS recomenda aumentar a ingestão de água, usar roupas leves e evitar exposição direta ao sol nos horários de pico de calor. Em caso de sintomas mais graves, procurar uma unidade de saúde.
Carnaval
O Carnaval de Rua deste ano exigiu novas regras para os produtores de blocos que precisam adotar medidas de adaptação para redução do calor. Por isso, fiscais da Riotur e da Secretaria Municipal de Ordem Pública estão atuando para que as medidas sejam cumpridas.
Panorama mundial
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o planeta vem batendo recordes de anos mais quentes de maneira sucessiva. O quinto ano mais quente da história foi 2022. Nos anos de 2023 e 2024, foram registradas temperaturas médias globais acima da linha de base pré-industrial (1,45° e 1,55°C a mais, respectivamente).