A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) deu início a um projeto que promete transformar a experiência de pacientes e profissionais de saúde em sete de suas unidades. A iniciativa – uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) – busca implementar o modelo assistencial hospitalista, uma forma de organização do cuidado que coloca médicos hospitalistas como gestores principais das enfermarias clínicas e cirúrgicas. Com essa mudança, a expectativa é melhorar a qualidade da assistência, reduzir o tempo de internação e oferecer uma jornada mais segura e eficiente para quem precisa dos serviços hospitalares.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (Sobramh), que será responsável por conduzir o processo ao longo dos próximos dois anos, hospitais que já aplicam esse modelo registram cerca de 20% de redução no tempo médio de permanência de pacientes clínicos e cirúrgicos, além de quase 50% de redução nos casos de longa permanência. Esse impacto não significa apenas liberar leitos com mais rapidez, mas também diminuir riscos de complicações durante a internação e melhorar a satisfação dos usuários do SUS.
O ponto de partida aconteceu em uma reunião na última semana que marcou o início oficial do projeto. O encontro contou com representantes da diretoria assistencial da Fhemig e de sete hospitais da rede: Complexo Hospitalar de Barbacena, hospitais Júlia Kubitschek e Alberto Cavalcanti (Complexo de Especialidades), João XXIII e João Paulo II (Complexo de Urgência e Emergência), Regional João Penido e Eduardo de Menezes, além da presença de representantes da Sobramh.
Mas, afinal, o que muda na prática? O modelo hospitalista reorganiza a forma como o cuidado é oferecido, com acompanhamento mais próximo do paciente e integração constante com equipes de enfermagem e de outras áreas multiprofissionais. Em vez de um atendimento fragmentado, o hospitalista atua como ponto central do processo, garantindo visão sistêmica, gestão de fluxos e maior agilidade nas decisões clínicas. “É um projeto muito desejado, que fortalece as políticas de assistência nos hospitais da Fhemig e valoriza a atuação das nossas equipes”, afirma a diretora assistencial da Fundação, Lucineia Carvalhais.
O projeto será desenvolvido em fases e tem duração prevista de 24 meses. No primeiro momento, será feito um diagnóstico em cada unidade para avaliar o grau de maturidade das equipes em relação às ferramentas do modelo hospitalista. A partir daí, começam as capacitações e o suporte técnico, com oficinas, trilhas de educação permanente, como o programa “Ser Hospitalista”, e, posteriormente, um curso de pós-graduação em Medicina Hospitalar.
Mais do que adotar novas rotinas, a proposta é criar um ambiente de troca de experiências entre os hospitais da rede, adaptando os processos à realidade de cada unidade e fortalecendo suas linhas de cuidado específicas. Essa construção será feita em conjunto com médicos, profissionais de enfermagem e equipes multidisciplinares, sempre com foco no paciente e no uso eficiente dos recursos.