A Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), realizou uma reunião, nesta sexta-feira (25), com representantes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (SEDH) da Paraíba para discutir a situação dos abrigos onde residem integrantes da etnia indígena venezuelana Warao e definir novas ações e encaminhamentos direcionados à saúde dessa população.
A reunião foi motivada a partir de uma sequência de eventos críticos ocorridos ao longo dos últimos 30 dias que apontaram uma situação de vulnerabilidade sanitária e epidemiológica em um dos abrigos que acolhe esses imigrantes, incluindo 5 casos confirmados de leptospirose.
Entre os encaminhamentos da reunião, está a avaliação de um dos principais pedidos desse grupo de imigrantes, que é a realocação para um novo espaço com melhores condições. Também estão programadas para as próximas semanas ações integradas de saúde em abrigos da comunidade Warao, realizando coleta de casos sintomáticos, vacinação, testes rápidos e serviços odontológicos.
“A nossa prioridade é garantir o acesso digno e integral à saúde para todos, inclusive os imigrantes e refugiados que foram acolhidos em João Pessoa. As ações programadas para os próximos dias refletem esse compromisso, unindo esforços de várias equipes buscando atender às necessidades específicas dessa população, respeitando suas particularidades culturais e buscando sempre promover cuidado, prevenção e acolhimento”, destacou Danielle Melo, gerente de Vigilância Epidemiológica de João Pessoa.
Participaram da reunião os representantes da Diretoria de Vigilância em Saúde, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Vigilância Ambiental, Seção de Imunização, Saúde Bucal, Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), Departamento Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados e Centro Estadual de Referência de Migrantes e Refugiados (Cermir) da SEDH.
Promoção e prevenção à saúde – O Departamento Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados da SMS tem intensificado as ações assistenciais com foco na promoção da saúde básica e prevenção de doenças. Desde o início de 2023, o trabalho vem sendo desenvolvido com o objetivo de garantir um cuidado contínuo à saúde dos imigrantes.
Para assegurar essa assistência, o núcleo conta com uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem e uma assistente social. Juntos, esses profissionais realizam o mapeamento dos grupos atendidos, monitoram suas necessidades e levam aos abrigos acompanhamento do planejamento familiar, vacinação e medicamentos.
Investigação – No dia 10 de abril de 2025, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) foi informado pelo Departamento Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados sobre o parto de uma mulher venezuelana de 23 anos, ocorrido no próprio abrigo. O bebê nasceu por via natural e, ao ser atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-JP), já se encontrava sem sinais vitais. A mãe foi encaminhada ao Instituto Cândida Vargas (ICV), e o caso foi posteriormente confirmado como positivo para leptospirose, conforme resultado laboratorial divulgado em 14 de abril.
Diante dessa confirmação e do histórico recente de algumas doenças, no último dia 16, uma equipe multiprofissional deslocou-se até o abrigo para realizar uma triagem clínica sistematizada, avaliação da situação vacinal, coleta de amostras laboratoriais para diagnóstico de diversas enfermidades, além de uma inspeção sanitária das instalações.
A atuação integrada com a Vigilância Sanitária possibilitou a identificação de riscos ambientais agravantes, como problemas de saneamento, lixo acumulado e infestações por roedores. As ações foram reforçadas, juntamente com orientações à população sobre medidas de higiene pessoal e coletiva, destacando a importância da colaboração de todos para a eficácia das medidas adotadas.
Notificações recentes – Foram avaliados 55 indivíduos residentes no local, dos quais 21 apresentaram sintomas compatíveis com leptospirose e/ou arboviroses. Todos foram encaminhados aos serviços de saúde de referência, conforme os sintomas relatados. Das 10 coletas realizadas para diagnóstico de leptospirose, cinco apresentaram resultado positivo e cinco, negativo. Os pacientes estão sendo acompanhados e recebem o tratamento necessário em hospitais da capital.
Dados – No primeiro trimestre de 2025, o Departamento Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados monitorou 12 abrigos onde residem cerca de 96 famílias, totalizando mais de 440 pessoas. Durante esse período, foram realizadas 343 visitas pela equipe, além de 78 consultas, 27 exames e diversos encaminhamentos para serviços especializados.